O tão esperado lançamento acontece já no próximo Sábado, dia 10 de Dezembro, às 15h00 na Casa do Meio-Dia / Sul, Sol e Sal, em Loulé, e conta com a presença dos membros do júri, Dra. Adriana Freire Nogueira (Dir. Regional de Cultura do Algarve), Lídia Jorge e Patrícia Amaral (Mákina de Cena).
Em 2020, abateu-se sobre o Planeta a pandemia provocada pelo Novo Coronavírus – SarsCov2. Durante o primeiro confinamento, o Tempo, aquele de cuja falta nos queixamos sempre, entrou-nos pelas casas dentro e ali ficou, imponente e estático. Assim, a Mákina de Cena lançou, ainda em 2020, uma Open-Call de Fotografia, [ISO]lados, que, nos tempos de descanso que a pandemia proporcionava, chegou a ser exposição nas Galerias Municipais de Loulé e no IPDJ de Faro.
Em 2021, aquando do regresso ao confinamento, lançámos mais uma Call, desta feita literária: />> SLASH FORWARD, que desafiou os participantes a dialogar com o seu ‘eu futuro’. Esta edição é o resultado desse repto, que teve, no total, 36 participações vindas de todo o país, tendo 23 desses textos sido selecionados para impressão. Com o arrastamento da pandemia, o lançamento foi, por várias vezes, adiado, até agora.
Ainda no rescaldo de um fim-de-semana efervescente, com a segunda edição do Festival Contrapeso a invadir a cidade de Loulé, a Mákina de Cena promove, já no próximo sábado, dia 10 de Dezembro, o lançamento desta antologia tão particular, contando com a presença da Directora Regional de Cultura, Dra. Adriana Freire Nogueira, Lídia Jorge e Patrícia Amaral (Mákina de Cena), e da maior parte dos autores selecionados na chamada nacional, naquele que será o último evento de 2022 organizado por esta estrutura.
A iniciativa />> SLASH FORWARD teve o apoio do Município de Loulé, do programa Garantir Cultura, e do Instituto Português do Desporto e Juventude.
A distinção entre o passado, o presente e o futuro é uma ilusão teimosamente persistente.
Albert Einstein
Viajamos, com frequência, às memórias do passado porque, por nos parecerem concretas, nos explicam, nos consolam, nos atiçam…. Viajar às memórias do futuro já é mais complexo, por serem abstractas, por nos parecerem irreais, artificiais, por fim, inúteis. Os participantes deste />> SLASH FORWARD confessaram-no: o exercício, que parecia simples, acabou por ser mais complexo do que pensavam.
Escreve-se ao futuro para se questionar o presente ou para expurgá-lo, evadindo-nos? Para levar a nossa mente a construir um potencial porvir, segundo as recentes conclusões da neurofisiologia? Ou, pura e simplesmente, para brincar em torno de um exercício literário?
Para que serve, afinal, um diálogo com o Eu de amanhã? Vamos deixar essa pergunta em aberto, desafiando todos os que nos lêem a experimentar.
Tendo toda a liberdade criativa no que diz respeito à forma (não tinha, obrigatoriamente, de ser uma carta), discurso, ou grafismo – de facto, a única regra era seguir o tema –, os participantes surpreenderam-nos com uma uniformidade muito interessante: por um lado, praticamente todos seguiram o mote à letra (carta para o eu de amanhã), optando pela epístola narrativa e direta; por outro lado, o tema covid está presente em quase todos os textos. Ressoa,em todos, mesmo naqueles que não o expressam, a célebre pergunta “vai ficar tudo bem?”. Pensamos que sim, já que todos, sem excepção, dialogam consigo mesmos no futuro, o que reflecte resiliência, sobrevivência e até longevidade – todos estão vivos, nesse futuro de que falamos.
Mais do que uma antologia literária, esta edição é uma pequenina amostra de uma sociedade confrontada com uma pandemia e seus ‘filhos’: confinamento, recolher obrigatório, medo, equipamentos de protecção, vacinas, distância, distância, distância…
Agora, passado mais de um ano da produção destes textos, quando tudo parece voltar lentamente à normalidade e as mentes se apressam a esquecer o bicho medonho, torna-se ainda mais interessante lê-los.
O júri
Adriana Freire de Nogueira
Lídia Jorge